terça-feira, fevereiro 21, 2006

Pinhal De Leiria


Manhã.
O vento começa. A cama branca, límpida, incrivelmente suja de nós.
Um quotidiano novo que apesar de tudo fazia sentido.
Na tua face perpassava o amor que continuava até a fome despertar o desejo de sobreviver mais uma vez.
Porque te dava o meu estar só, o meu desespero de estar doente e de o tempo ser breve, a minha urgência de sobreviver e de deixar tudo pronto quando partisse.

Amor tranquilo no início. Sem águas turbulentas ou raivas escondidas, feito de longas horas de comunhão de palavras e de silêncios.
Nasceu no sonho de um rei que um dia anteviu partir as caravelas do futuro.
D. Dinis, trovador do amor sincero, sem fingimentos aristocráticos.
O seu pinhal, semeado de quimeras e de sémen, gerou a calma deste amor que nasceu nos teus olhos, desceu até às minhas mãos, feito doçura nas noites jamais isentas de novo, porque tu estavas comigo e pertencias-me e não éramos mais do que o início do mundo, outra vez nus, virgens, sem receios.

Breves as horas, mas ilimitadas. O tempo passava por nós e demorava-se. Pena que a distância fosse impedimento.
Não o costuma ser nas histórias de amor.

Sem comentários: