sexta-feira, outubro 27, 2006


Dizem-me coisas
As pedras
Quando olho para elas
E retenho nos meus olhos
A sua mensagem eterna
Antes que efémera
Eu passe

Escrevo para fugir do amor
Sombra que os poetas persegue
E se lhes antecipa
Algemando-os no seu enredo
Fingindo-se cativa

Mas o amor é rede
Canto de sereia
Vida e morte
Livre na sua teia

O meu sentir
É urgente
Em cada homem que passa
Em cada ombro onde me recolho
Sempre ausente


Quisera chegar
A porto certo
Cansada da deriva

Em lugar da baía
Encontro o obscuro
De estar viva

THE DREAM RACING TIME'S ARROW"


©1995 Richard van Hoesel


A consciência do que sou
Dói como o vazio
De um sonho
Que se preencheu
E desertou
Prenúncios de chuva
Nos horizontes
Prenhes de manchas negras

Os montes
Irradiam uma luz metálica, quase lunar

É tempo de renovar
A terra queimada
Pelo incêndio do verão

É tempo de amar
Até à absolvição
Vento
Que vem do fundo do vale
Sinto a tua força
O teu poder intenso

Queres-me?

Tomas as árvores
Como se cada uma fosse território teu
Derivas nas arestas das casas
Outono anunciando

Queres-me?

Vem ter comigo
E leva-me também
Fêmea possuída
Investida de alento

Independência

Sempre aquela
Que se deseja
E não se tem
Sempre aquela
Que se aspira
E não se doma
Sempre aquela
Que se ama
E só a si pertence

Meus Olhos


Meus olhos
Caiados de verde
Doem de ver
Enamorados de te ter
Saudosos de te perder

segunda-feira, outubro 16, 2006


Na quarta-feira, dia 25 de Outubro, no Púcaros bar, em frente à Alfândega do Porto, nas Arcadas haverá uma apresentação do meu livro, que resultou do que escrevi neste blog e que contém, ainda, outros textos novos. A entrada é livre e vou decalamar alguns. Estão convidados

sexta-feira, outubro 13, 2006


o rosto dele mergulha-lhe na sofreguidão dos seios.
Sente-o primeiro, com o seu cabelo curto de menino, como se revivesse gestos antigos de ajeitar bocas, de indicar o caminho.
Depois aspira-lhe o perfume , o cheiro de que dele faz homem e nela desejo…
A pele, o corpo, o olhar que não se desvia, como se tudo aquilo fosse tão cristalino como o puro acto de nascer e abrir os olhos de espanto perante o mundo recém descoberto de se quererem, de se amarem, naquele quarto feito de amores interditos, agora seus, com os dedos dele a percorrerem os cabelos dela, a enovelarem-lhe os caracóis no rosto, o verde de encontro ao mel, a boca de encontro ao sexo.

Noite...e me sinto assim
entrecortada por soluços descontrolados
vindos de uma alma qualquer

Quando alguém chora em mim
não sei se é para verter
a tristeza de se ser
caminho sem rumo nem fim
a passos desolados