segunda-feira, junho 23, 2008

Tatuagem


Nestes lençóis
Onde puros fomos voz e silêncio
Fica o meu ventre de linho
Útero aberto
Na madrugada sem dobras
Em que o tempo escorre e não cristaliza

Veludos, nácares e cetins
Tinta roxa
Pele a pele
Corpo a corpo

Alga




Olho em frente e reconheço-me
O espelho és tu
Que me devolve o olhar
Verde de tão verde alga
A alagar
Sem naufragar

Toilette


Peça a peça escolho
O teu desejo de mim
Um busto vermelho
Rendas negras de pecado
Na meia que seduz
Na contraluz de um beijo
Escarlate

Sobre a mesa


Manjares divinos
Doces de ovos, chantilly
Morangos em cascatas de champanhe
Melões abertos em ventre
Damascos amarelo-mel
Uvas vibrantes – fome de serem cacho
E não bago
Unidade sem sentido
No amor que faço
Contigo