terça-feira, julho 24, 2007


Em acordes
fitas de seda
E cetins coleantes
O corpo toca prelúdios

Ofereço-to enquanto poema
Piano de cauda
Para que lhe decifres os contornos
Espraiados no leito
Em que te acolho

segunda-feira, julho 09, 2007

Pilhagem


Miro-te
Da vertigem
Ave rapina
Sinuo-te o trajecto

A pique
Sobre ti
Implacável
Na nitidez da minha fome

Farejo no desfiladeiro
O cheiro acre e crespo
Das tuas pernas em repouso
Incautas e crédulas
Na antecipação predatória
Da pilhagem

quarta-feira, julho 04, 2007

Jantar a dois

Que me tome o homem
Que me olhe nos olhos
E mos cerre de prazer
Que me deite e me acenda
Com golpes de brasa
Na lareira do recolher

Que me derrube o homem
Que saiba que sou de comer
E o faça sem pudor
Passo a passo
Com dedos ou talher
Na toalha dum abraço

Frutos Proibidos


Cerejas
Vertendo dedos de chocolate
Avidamente procuram
O cerne que as gera
Languidamente
Se demoram
Na expectativa.

Rubras
Túrgidas
Como as frutas húmidas
Que se abrem
Ao gume da faca
Violenta e eficaz
Que, finalmente, as devora.