segunda-feira, abril 24, 2006


Soltos e rebeldes
Os cabelos despertos
misturam-se com o desejo.

Sem esperanças vãs
Ou futuros incertos
As bocas procuram-se
Na fusão do beijo.

terça-feira, abril 18, 2006


Na manhã clara e breve
Enquanto o teu corpo acordar
Far-te-ei amor
Sobre a neve.

Depois na noite
Seremos a seiva da vida
Que lá fora recomeça
Antes que o amor
(agora nosso)
Desfaleça.

sábado, abril 15, 2006

Medium


Escrevo de olhos fechados
É bom ignorar a rigidez das linhas
E deixar que os dedos se libertem
Independentes

As palavras ordenam
A sua consecução
E é confuso ser poeta
Medium estranho
Duma linguagem
Tão primitiva

quinta-feira, abril 13, 2006

Deusa


Segue
As marcas dos seus pés
na areia fina


Ou na folhagem deposta
Pelos ventos outonais


Imagina, mas não
lhe perguntes
para onde vais
nem quem és.

Ela sabe.

terça-feira, abril 11, 2006


Vou à tua procura
Por entre clarões de névoa
E olhos de vento.

(Irei aos abismos, se for preciso)

Hei-de possuir-te aberta!
Hei-de beber-te até ao espasmo
Nessa orgia de corpos suados
Buscando complementos de mágoa!

segunda-feira, abril 10, 2006


Sob o tempo breve
Isentos de dor
De mãos dadas sonhámos.

Sob a roupagem leve
Para a sede do amor
O corpo despertámos.

A chuva cai

Incerta e leve

Inundando a neblina
De frescuras apetecidas

domingo, abril 09, 2006

Escrita


Escrever
É um acto de existir
Participando.



Escrever para ti
É um acto de amor
Sendo.



É como sentir
Escrevendo
Que devo existir
E amar
No acto.

sexta-feira, abril 07, 2006




Que espécie
De loucura é esta
Que suspende névoas no ar
E delícias na terra?

Esta ternura
Que me vive,
Me possui,
Me violenta,
Que me faz amar-te
e deglutir-te
com ardor e paixão?

quarta-feira, abril 05, 2006

É pena
Que não sejas tu quem corrige
O meu traço inseguro
Neste esboço de nós mesmos
Que, a custo,
tento sozinha

terça-feira, abril 04, 2006

Relendo Teixeira de Pascoaes


Um dia, tu,
Por acaso, talvez,
Olhaste para mim

E um fogo correu nas minhas veias...

Um dia, eu,
Por acaso, talvez,
Toquei com os meus lábios
O teu rosto
No desejo de te ter

Sem te possuir...

Uma noite, nós,
Por acaso, talvez,
Fomos alvorada.


-Delírio sobrevivente
Continuado.

Desejo


Animal e desperto
Invade-me o desejo
Quando
Enlaçada e derrubada
Sob o teu corpo me evado

No universo selvagem
Dos sentidos

segunda-feira, abril 03, 2006


Não me analisem à procura de sinais
Do rasto de alguém
Na minha vida.

Há existências
Marcadas por múltiplas presenças
Concretas ou imaginárias
Sem que a minha entrega se verifique.

Humana

"My Angel" - Martin Zurmuehle
A diferença
Marca na pele
Como um ferro
Ardente.
De quem somos o estigma
Ou a marca?

A consciência de ser-se
Isento da semelhança e imagem
De um deus qualquer
É fria e solitária
Implacavelmente
Presente.

domingo, abril 02, 2006

Young Horses


I wonder
At feeling
Young horses
Wildly on the loose
Running over the prairies of my body
With free manes
Like naked horsewomen
Trough the virgin woods


Estranho
Sentir potros no meu corpo
Correndo livres
De crinas soltas
Como amazonas nuas
Na floresta virgem