segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Pedagua


Nessa noite a chuva fustigava os rostos e os corpos que, apesar dela e da sua fúria, teimavam em se encontrar naquele bar pequeno, cheio de objectos e de memórias, com a simplicidade de um vestido negro de veludo sobre um corpo de mulher, que é bela assim, sem a nobreza de uma jóia.
Quando se entrava lá, frio e molhado, o conforto dos rostos, das violas devolvia-nos a alma para continuar e ficar, com aquela sensação de valer a pena, porque a alma é grande e os corações não se isolam num espaço assim …as mãos que se dão, os sorrisos de quem ama com a mesma cumplicidade os sabores da música e da comida, as pessoas, a ponte e o rio…e o Porto, no Porto que se sente granítico e acolhedor, aquele porto que é sentido, mesmo quando as guitarradas são de Coimbra e os guitarristas nos tocam no mais azul que somos…

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