quinta-feira, maio 04, 2006

Quinta da Queimada


Na Quinta da Queimada cheirava a leite quente nas cortes e a mosto nos lagares.
O sol doirava as espigas da eira e cobria de suor os malhadores.
À noite procurava-se o milho-rei, passaporte para o beijo proibido e apetecido, ou o contacto mais sôfrego com a fêmea, habilmente lidada durante o serão para os suspiros no palheiro, já de madrugada. Mundo sensual de cores, cheiros e pele, sinais remanescentes de um tempo que ainda degusto, as sobras que ficaram de tudo, pleno de infância, de murmúrios vegetais em busca da casa, de novo, da permanência, da terra inteira em harmonia e totalidade cósmica.

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