quarta-feira, maio 17, 2006

O Banho


Vestir-me para me seduzir a mim mesma.
Preparar o banho, os óleos essenciais e afrodisíacos, as pétalas de flores. Aspirá-los e deixá-los inebriar-me suavemente. Colocar as velas para diluir a penumbra.
Pensar vagamente no homem que gostaria de ter se quisesse. Esquecê-lo de imediato.
Deixar sobre a colcha pura de linho a roupa preparada as meias de rede dum rubro de crepúsculo, a condizer com a lingerie ousada. Os veludos negros para usar por cima, sem a nobreza duma jóia. O perfume almiscarado.
Dispor tudo alinhado à espera da noite e do prazer que há-de ser só meu.
Regressar ao banho. Deixar deslizar o cetim branco, como quem se despede duma virgindade ligeiramente incómoda.
Tocar com a ponta dos dedos dos pés numa carícia a água quente. Emergir para ressurgir com esplendor. Pensar um espelho no tecto. Ver-me nele, desejar-me intensamente.
Procurar de novo o Homem na memória. Esquecê-lo de seguida. Sonhar comigo. Inundar-me de água e fragrância. Roçar uma coxa na outra. A esponja fará o resto. Desejar com cio mas sem desejo o falo do Homem e deixar-me penetrar dele.
Sentir o prazer em ondas de maré e suspirar.
Sossegar no meu sossego.

1 comentário:

Vitória disse...

Uma noite perfeita :)
Lindo o texto.. Gostei
Beijokasss