sexta-feira, março 23, 2007

Florbela Espanca in memoriam

Quero reter-te assim imaculado
Longe da sede dos meus braços,
Para que não sulques com os teus traços
Meu trilho ávido, almiscarado.

Por uma vez, fora do meu alcance,
Entre sóis, na face e risos de cor
Para que nos meus olhos com ardor,
Não vislumbres tristeza, de relance,

Porque em meu gesto é natural
Tocar o sol e o mar e o vento e o chão:
Melancolia louca, impessoal.

Em todo o fogo da minha paixão,
Quero tornar-me contigo imortal,
Ai, no leito da minha solidão!

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